quarta-feira, 20 de julho de 2011




A partir do século XVIII, acontecimentos como as Revoluções Francesa e
Industrial, mudaram a estrutura de muitas peças, popularizando-as através de formas
como o melodrama. Nessa época, em todo o mundo, surgiram inovações estruturais,
como o elevador hidráulico, a iluminação a gás e elétrica (1881). Os cenários e os
figurinos começaram a ser melhor elaborados, visando transmitir maior realismo, e as
sessões teatrais passaram a comportar somente uma peça. Diante de tal evolução e
complexidade estrutural, foi inevitável o surgimento da figura do diretor.


O teatro do século XX se caracteriza pelo ecletismo e quebra de tradições,
tanto no "design" cênico e na direção teatral, quanto na infra-estrutura e nos estilos de
interpretação. Podemos dizer, sob esse prisma, que o dramaturgo alemão Bertolt
Brecht foi o maior inovador do chamado teatro moderno. Hoje, o teatro
contemporâneo abriga, sem preconceitos, tanto as tradições realistas como as nãorealistas.

TEATRO NO BRASIL

Do século XVII ao início do século XIX o teatro é marcadamente colonial,
fortemente influenciado pelo teatro português. Os primeiros textos, como o Auto da
festa de S. Lourenço, do padre José de Anchieta, são escritos pelos jesuítas de
Piratininga, numa mistura de espanhol, português e tupi-guarani. Visam a catequese e
são encenados pelos indígenas. Em Minas Gerais, durante o século XVIII, atores
portugueses visitam Vila Rica. A única peça local preservada é O parnaso
obsequioso, de Cláudio Manuel da Costa, em homenagem ao aniversário do
governador. No Rio de Janeiro, na segunda metade do século XVIII, o Teatro do
padre Ventura encena as "óperas" - na verdade, comédias entremeadas de canções -
de Antônio José da Silva, o Judeu (Guerras do Alecrim e Mangerona), autor nascido
no Brasil mas que vive praticamente toda sua vida em Portugal. E o Teatro de
Manuel Luís importa espetáculos de Portugal e da Espanha . As representações
acontecem principalmente em ocasiões festivas, quando grupos amadores montam,
em praça pública, peças de tom popular, louvando as autoridades. Depois que a sala
do padre Ventura é destruída por um incêndio (1769) e a de Manuel Luís é fechada,
d. João VI manda construir, em 1810, o Real Teatro de São João, atual João Caetano,
onde também se exibem atores portugueses. Só no romantismo surge um teatro com
características nacionais.

Origem do Teatro Parte 01



ORIGEM DO TEATRO

A palavra "teatro" deriva dos verbos gregos "ver, enxergar" (theastai). Na
Grécia antiga, os festivais anuais em homenagem ao deus Dionísio incluíam a
representação de tragédias e comédias. A seguir, todos os papéis eram representados
por homens, pois não era permitida a participação de mulheres. O espaço utilizado
para as apresentações, em Atenas, era somente um grande círculo. Com o passar do
tempo, o teatro grego se profissionalizou e surgiram os primeiros palcos elevados. Os
escritores cuidavam de todas as etapas de produção de uma peça.

O teatro romano, influenciado pelos gregos, também ia se desenvolvendo, na
mesma época, através de nomes como Plauto e Terêncio. Enormes tendas, com
capacidade de abrigar quarenta mil pessoas, eram erguidas em Roma para as
encenações. E foram os romanos que criaram a pantomima, que, por meio de música,
era realizada por um ator mascarado que representava todos os papéis.

O teatro chegou a ser considerado uma atividade pagã por força do
Cristianismo, o que prejudicou muito o seu desenvolvimento. Paradoxalmente, foi a
própria Igreja que "ressuscitou" o teatro, na era da Idade Média, através de
representações da história de Cristo. Enquanto isso, atores espanhóis profissionais
trabalhavam por conta própria e recebiam patrocínio dos autores de comédia, através
de festivais religiosos que eram realizados nas cortes da Espanha, com alta influência herdada das encenações italianas.



Foi no país "da bota" que surgiu o inovador teatro renascentista, provocando a
bancarrota do teatro medieval. Este teatro dito humanista desenvolvido pelos
italianos, influenciou decisivamente outras nações européias, por meio de caravanas
realizadas por companhias de Commedia Dell'Arte. Outra novidade italiana foi a
participação de atrizes, além das evoluções cênicas, com o advento da infra-estrutura
interna de palco. Inglaterra e França "importaram" as mudanças italianas e
incorporaram-nas em seus intrínsecos estilos teatrais, com destaque para Shakespeare
e Molière, respectivamente.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Calculando Ângulos de Abertura


Durante minhas passagens por teatros e espaços que possuem estruturas de
iluminação, tenho encontrado diversas vezes equipamentos que foram adquiridos e
instalados, sem nenhum a preocupação com os resultados desses equipamentos quanto
às áreas de incidência luminosa no palco.
Isso se dá também muitas vezes quando companhias alugam equipamentos para seus
espetáculos.
A que se deve isso?

Pois bem , vamos entender porque os fabricantes apresentam em seus catálogos e
manuais, os ângulos "beam " e " field" de seus equipamentos.
Ângulo de abertura beam é aquele que proporcionará a menor área de focagem desse
equipamento com seus respectivos jogos de lentes ou " lentes solitárias" .
Já o ângulo field, será aquele que proporcionará o maior ângulo de abertura, ou seja,
uma maior área de incidência luminosa.
Por isso mesmo, temos que antecipadamente, saber qual a área a ser iluminada por
esses ângulos e seus intermediários, pois, se comprarmos ou locarmos um
equipamento cujos ângulos não forem compatíveis com as distâncias entre varas e
palco, poderemos ter sérios problemas em nossas criações.
Esse cálculo é bem simples, basta termos em mão a distância entre o equipamento e o
palco ou cenários que estarem os utilizando. Tendo isso, fica fácil agente calcular quais
as áreas menores e maiores de incidência da luz.

A fórmula é a seguint e:

D = 2 x d x tg(a/ 2)

onde D é o diâmetro em metros da área projetada, d é a distância do artefato
( equipamento) ao plano de incidência da luz e a o ângulo beam ou field.
Vamos supor que eu esteja utilizando um elipsoidal de abertura beam 20 graus e
abertura field 50 graus, num a distância de 15 metros da rotunda ou ciclorama.
Para o exemplo acim a teremos então:

Dbeam = 2 x 15 x t g ( 20/ 2) = 5,29m
Dfield = 2 x 15 x t g ( 50/ 2) = 13,99m

Com esses resultados em mãos podemos ter uma idéia do comportamento da
iluminação com mais exatidão. O que nos permite comprarmos ou locarmos
equipamentos adaquados.
Essa dica teve a colaboração do Lighting Designer
Osvaldo Parrenoud

A Arte e Ciência


Arte e ciência: um namoro antigo

A Arte é longa, a vida é curta.
(Hipócrates, apud Frederico Morais, 1998, p. 209)

Ao longo da história das artes, podemos verificar diferentes interações entre arte e ciência. Enfocaremos principalmente a relação entre teatro e ciência, porque o teatro é uma linguagem artística que congrega várias outras artes, como a música, o cinema ou a pintura. Portanto, de certo modo, na medida em que refletimos sobre o teatro estaremos incluindo outras artes. Outra razão para relacionar a ciência ao teatro refere-se ao fato de que a ciência é em si dramática. A ciência possui teatralidade própria porque o exercício da atividade científica pode envolver grandes controvérsias, disputas, ambição, argumentação, contra-argumentação, enfim, todos os elementos para uma excelente peça dramatúrgica.

Antes de nos debruçarmos sobre a relação teatro e ciência, vale a pena abordar, ainda que brevemente, relações entre ciência e tecnologia e outras modalidades de arte. A música, associada à ciência desde Pitágoras, atualmente guarda uma forte interação com a tecnologia, com a produção de sintetizadores e samplers que incrementam a multiplicação de inusitados sons em uma mesma composição musical e barateiam os custos de produção e reprodução. A relação entre música e tecnologia não apenas influencia a linguagem musical como também acarreta a discussão sobre novas questões relativas à produção musical e ao mercado, tais como a multiplicação das músicas e partituras via Internet e os direitos autorais.

Nas artes plásticas a relação entre arte e ciência também é antiga, e nesse âmbito podemos citar o uso que os renascentistas fizeram da matemática. Os pintores da época aplicavam princípios da matemática para conferir ilusão de volume, textura e proporção harmoniosas no intuito de reproduzir as feições anatomicamente corretas, em uma tentativa de retratar fielmente o corpo humano. Em 1632, Rembrandt pintou seu famoso quadro Lição de anatomia. A combinação entre arte e anatomia era uma via de mão dupla, pois também os médicos recorriam aos artistas renascentistas, que registravam graficamente, e com especial precisão, as dissecações anatômicas. Se dermos um pulo no tempo e pensarmos em Escher (1898-1972), identificaremos que o pintor holandês utilizou princípios da geometria na busca de reproduzir a noção de infinito. Diferentemente dos pintores renascentistas, que aplicaram recursos da matemática para reproduzir um mundo à semelhança da realidade, Escher utilizou a geometria para representar um mundo fantástico, que somente poderá ser encontrado em sua instigante obra.

Se pensamos na relação entre tecnologia e cinema, é possível afirmar que esta é uma arte que só foi possível pelo desenvolvimento de equipamentos tecnológicos que envolvem desde recursos fotográficos até sofisticados equipamentos de projeção atuais. A tecnologia na indústria cinematográfica influencia diretamente a linguagem da grande tela. A sonorização de imagens é um exemplo dessa influência, assim como o advento das cores, os efeitos visuais proporcionados pela computação gráfica ou a produção de telas que geram a ilusão de 360 graus. No campo da arte teatral, podemos verificar interações com a ciência e a tecnologia em diferentes níveis. Não apenas novas tecnologias foram incorporadas à cena teatral, mas também, com Bertolt Brecht, houve a pretensão de incorporar aspectos da metodologia científica aos métodos de criação teatral.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Despertar da Primavera.






fotos do espetáculo estréia. anthropos Cia de Teatro.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Adeus Filamento.


Adeus filamento

por motonline |

E falando em enrolar, foi assim, enrolando, que o Sr. Thomas Edson, dentre tantas outras traquitanas, inventou a “lâmpada”.

Temos que aplaudir a genialidade desse sujeito, contemporâneo de Tesla, Bell e outras grandes figuras. Mas isso foi no ocaso do séc XIX, aurora do XX, e a lâmpada de filamento ainda está aí, firme e forte.

A lâmpada de filamento é um dispositivo excelente para produzir calor e um pouco de luz. Pois na verdade o que acontece na lâmpada é um curto-circuito bem comportado. Olhe bem o fiozinho enrolado lá da lâmpada. Ele, ligado a uma carga, cria uma enorme resistência e como lá dentro da lâmpada não há oxigénio, a coisa toda não pega fogo, mas apenas brilha. Essa é uma explicação rápida e superficial para introduzir o assunto.

Clamarão os tuna dores e enfeitadores: Mas têm os faróis de Xénon!!!

Sim, como direi … o princípio é quase o mesmo, oras bolas! É queima! Acontece que na tal lâmpada de Xénon há Xenônio. Ôpa! Fugiu da aula de química? Azar o seu!

Só pra relembrar, lá no canto direito da tabela periódica há uma fileira de gases nobres, que possuem as órbitas externas de elétrons completinhas, ninguém entra e ninguém sai. Argônio, hélio, neônio, xenônio e outros. É claro que é possível estabilizar outros elementos que tem apenas sete (ou menos) elétrons na última órbita, como é o caso do flúor. Basta meter mais um (ou mais) elétrons lá e temos, por exemplo, um halogênio. Sacaram a semelhança das palavras? Lembraram de alguns tipos de lâmpadas? A ideia era essa … e gases nobres não são aqueles que o sujeito lança no ar quando se empanturra de tranqueiras. Isso são gases S.Nob. Sine Nobili … sem nobreza, como um bom churrasco na laje.

Então, para acender toda essa turma é necessária uma energia considerável. Seja para por fogo num gás ou para por fogo num filamento. Pensando bem é uma tosquice antiquada e gastona.

Mas eis que surge o led. Tá na boca do povo, ou seja, todo mundo fala, mas ninguém sabe direito o que é.

Enquanto os botocudos tamborilavam a bossa-nova na década de 50, as primeiras experiências com o alumínio / arsenieto de gálio (não é nome de comida) eram realizadas por Rubin Braunstein nos laboratório da RCA, ou Radio Corporation of America, em 1955. O Sr. Rubin reparou que esse elemento tinha o hábito de emitir luz infravermelha. Pois bem, a Texas Instruments, em 1962, com os Srs. Bob Biard e Gary Pittman, deram seqüência as recentes descobertas e conseguiram efetivamente emitir luz infravermelha, surgindo assim o primeiro diodo de luz infravermelha. Claro, os parceiros patentearam o treco. E ainda em 1962, a General Eletric, através de seu cientista Nick Holonyak, desenvolveram o primeiro Led com luz visível no espectro sensível ao olho humano. Ou seja, essa coisa vem de longe.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Despertar da Primavera.








Direção: Constantino Isidoro
Assistente de Direção: Robson Parente
Texto: Hugo Zorzette
Preparação de Corpo: Luciana Caetano.
Produção: Raquel Bittencourt
Coordenador de Palco: Diogo
Projeto de Luz: júnior Oliveira


Temporada Despertar da Primavera.

28, 29 e 30 de Junho/2011 - 15 e 20 horas - Teatro Pyguá

01 de julho/2011 - 15 horas - Teatro Pyguá

02 de julho/2011 - 20 horas - Teatro Pyguá

11 e 12 de Agosto/2011 - Teatro Goiânia Ouro

30 de Agosto/2011 - 16 horas - Planaltina-DF

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Projeto Bastidores - 2010












Projeto de Formação de profissionais nas áreas de Iluminação cênica, sonoplastia, cenografia e cenotécnia. duração de 4 meses.

Envelopes - Cia de Teatro Nú Escuro-





Envelopes

RELEASE

O espetáculo conta a história de um carteiro, que no dia do seu aniversário de 40 anos, durante sua jornada de trabalho, recebe uma única e "estranha" tarefa: entregar uma carta. Curiosamente, o destinatário, uma mulher chamada Maria Morena, vive no bairro onde Lopes nasceu. Na tentativa de realizar essa entrega nada comum, é que o bravo trabalhador se depara com histórias de um passado ainda vivo em sua mente. Pessoas amigas, cujas vidas foram transformadas pelo tempo e pelo mundo, mas que ainda o reconheciam. Uma história sobre cidadãos comuns, sobre um homem, sobre seus sonhos, ou delírios. Sobre nós mesmos e sobre o cotidiano, marcado em nós por encontros, desencontros, passagens, realizações e frustações. Com este roteiro, além de discutir questões relacionadas o homem urbano

Envelopes é o nome do novo espetáculo da Cia de Teatro Nu Escuro. Com este novo trabalho, a Nu Escuro, reconhecido por uma obra popular de encenações cômicas em praças e ruas das cidades, se afasta periodicamente desse universo para penetrar em um mundo de bonecos: seres feitos de pano, de madeira, de machê, de gesso, que tomam posse da cena e se tornam suas personagens...

FICHA TÉNICA

Direção: Izabela Nascente
Assistente de Direção: Hélio Fróes
Produção: Milena Jezenka
Assistente de Produção: Lázaro Tuim
Manipuladores: Abílio Carrascal, Adriana Brito, Hélio Fróes, Izabela Nascente, Lázaro Tuim e Marcos Marrom.

Concepção dos Bonecos: Izabela Nascente
Confecção de bonecos: Izabela Nascente, Marcos Lotufo, Marcos Marrom, Renata Faria e Rita Alves.

Cenógrafa: Rô Cerqueira
Cenotecnia: Enoch Moya
Iluminação: Junior de Oliveira
Sonoplastia: Marcone Henrique
Figurino: Mara Nunes e Eliana Santos
Edição de Sonoplastia: Marcone Henrique
Contra regra: Bruno Garajau
Programação Visual: Fábio Franco
Assessoria de Imprensa: Ana Paula Mota
Texto e Dramaturgia: Hélio Fróes e Abílio Carrascal
Argumento: Cia de Teatro Nu Escuro
Musica Original: Testemunha Ocular (Claudim e Lethal)
Vozes: Abílio Carrascal, Adriana Brito, Carlos Nascente, Hélio Fróes, Izabela Nascente, Lázaro Tuim, Marcos Lotufo, Mckeidy Lisita, Milena Jezenka, Rita Alves, Rodrigo Cunha, Rosa Nazareth, Valéria Vieira.

Fotografias do espetáculo: Rubens Cerqueira
Fotografia Slides: Lazaro Tuim, Milena Jezenka e Rô Cerqueira.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ESPETÁCULO DESTERRO - COM RITA ALVES. PROJETO DE LUZ - TEATRO GOIÂNIA OURO.




Despertar da Primavera


Olá!!!

Conto com a sua imprescindível presença e é claro com sua divulgação!!!

beijos







ANTHROPOS COMPANHIA DE ARTE

ABRE TEMPORADA EM GOIÁS



“Despertar da Primavera” um espetáculo que coloca em cena a beleza,

os conflitos e os sonhos da juventude.







TEMPORADA DE ESTRÉIA



Goiânia

Teatro Pyguá - - Centro Cultural Martim Cererê

28 a 30 de Junho - 15 e 20 horas

01 de Julho - as 15 horas

02 de Julho - as 20 horas

Projeto de luz para o Espetáculo " A Mais Forte - Direção Deusimar Gonzaga "- teste no Wysiwyg








A MAIS FORTE

Célia Maria Ribeiro

Neste final de semana fui ao teatro assistir “A mais forte”, peça de August Strindberb, dirigida por Deusimar Gonzaga. Sempre considerei Deusimar um bom diretor, mas nesse trabalho ele conseguiu surpreender e muito. Sua direção está muito boa. Uma leitura psicológica e existencial à altura do texto deste grande autor.
As atrizes Joana Peixoto e Rita Alves estiveram muito bem, com uma carga dramática tocante e na medida. Foi muito prazeroso ver o teatro goiano assim, tão sem ter que tirar o chapéu para ninguém. Claro que pode e deve melhorar. Claro que já vimos trabalhos melhores, mas sem dúvida este espetáculo é coisa de “gente grande”. Da direção ao cenário, iluminação, tudo foi muito bom de ser ver. Tocou-me o resultado profissional.
O cenário enxuto e sugestivo de Júlio Van nos permitiu viajar sem prestar muita atenção no lugar onde se localiza aquela estação de trem. Ela, a estação, como as personagens, insinua uma época, possíveis lugares, mas muito mais importante que isto é o texto tão bem apresentado por Joana e Rita. Junior Oliveira, responsável pela iluminação, enriqueceu as sutilezas e a força dramática que ora uma ou outra atriz representava, num monólogo/diálogo singular. Mais uma vez, parabéns à direção do espetáculo ao colocar as duas atrizes representando um monólogo e, principalmente, quando uma adivinha o que a outra vai falar e fala enquanto a outra atriz dubla sua própria fala. Isto foi uma sensível e inteligente forma de nos permitir ver que o outro é nosso espelho o tempo todo. Por isto até arriscaria a dizer que a peça é sim um monólogo e não um monólogo/diálogo, mesmo quando fala uma ou a outra. Afinal, não estamos, não estivemos, sempre monologando na vida?
Mas gostaria de falar um pouco mais de Joana que me impressionou demais com sua inteireza entre corpo e alma. Ela, atriz pequenina, parecia ainda menor, pelo corpo levemente encurvado como são os corpos das esposas daquela época (que época?), do tipo que abre mão da profissão pelo marido. No entanto, quando assumia o papel da amante, ela crescia fisicamente, particularmente quando colocava a echarpe sobre os ombros. Crescia como, me lembro agora, crescia a personagem Viviane nas Brumas de Avalon. Cresceu também ao se despedir.
Mas quero falar do texto que me impressionou sempre. Sim, é um texto que impressiona. Será que tem a ver com impressionismo Deusimar?
O texto é muito bom e tocou-me além do que eu poderia supor, mesmo que já desconfiasse quando saí de casa rumo ao teatro. Tocou-me como tem me tocado todo trabalho teatral que tenho assistido nos últimos tempos. Não importa o gênero. Foi assim com Hamlet, A loba de Ray Ban, As centenárias ou a Eu, Clarice. Tenho me emocionado demais é com o teatro. Mas com “A mais forte” a emoção foi diferenciada. Participei da primeira montagem, há mais de dez anos atrás. Isto me levou a outras reflexões além da própria peça.
Sempre gostei do teatro e até fiz alguns trabalhos nesta área e o sonho de assumir este ofício de forma sistemática vive me rondando, mas ultimamente isto tem sido mais forte. Escrevendo este texto, que deveria ser só algumas impressões acerca deste espetáculo, me vejo olhando para mim mesma. Se antes eu me emocionava em comédias ou dramas, era por sentir o amor e o sonho daqueles que fazem deste ofício tão trabalhoso, a razão maior de suas vidas. Na “mais forte”, chorei copiosamente após a apresentação. Vim chorando até em casa. Chorei pela beleza do texto, pela montagem tocante, intrigante, pela evolução do teatro goiano, pelo significado social do teatro, mas principalmente porque esta peça é emblemática para mim.
Participei de sua primeira montagem feita por Deusimar. E ao assisti-la agora senti que traí meu sonho e meu amor pelo teatro. Compreendi então que tenho chorado por ter abandonado o sonho e o amor maior desta vida. Quem sabe até de outras.
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1. Célia Maria Ribeiro é socióloga, mestre em Ciências Sociais, especialista em Psicologia Transpessoal e professora aposentada da Universidade Federal de Goiás, onde atuou por vários anos como consultora interna de Desenvolvimento Humano (cmribeiro@cultura.com.br)